A terapia comportamental Dialética (em inglês Dialectical Behavior Therapy - DBT) é um tratamento indicado para Transtorno Boderline e outros transtornos que envolvem estados emocionais intensos e descontrole de impulsos.
Em janeiro de 2017, participei do curso de introdução para terapeutas DBT. Para resumir o que significa essa forma de tratamento, traduzi o texto que está na página do site Behavioral Tech. Para quem domina o inglês, estão postados diversos vídeos com explicações teóricas e depoimentos da própria autora Marsha Linehan.
link para o texto em inglês:
http://behavioraltech.org/resources/whatisDBT.cfm
O que é DBT?
A terapia comportamental
dialética (DBT) é um tratamento cognitivo-comportamental que foi originalmente
desenvolvido para tratar indivíduos cronicamente suicidas diagnosticados com
transtorno de personalidade boderline e agora é reconhecido como o padrão ouro no
tratamento para esta população. Além disso, a pesquisa mostrou que é eficaz no
tratamento de uma ampla gama de outras doenças, como a dependência de
substâncias, depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e
transtornos alimentares.
A DBT inclui quatro conjuntos de habilidades comportamentais:
Mindfulness: a prática de estar plenamente consciente e presente
neste momento
Tolerância à Angústia: como tolerar dor em situações difíceis, não
alterá-la.
Eficácia interpessoal: como pedir o que você quer e dizer não
enquanto mantém o autorrespeito e as relações com os outros.
Regulação emocional: como mudar as emoções que você quer mudar.
Os terapeutas de DBT aceitam
clientes como eles são ao mesmo tempo reconhecendo que eles precisam mudar para
atingir seus objetivos. Além disso, todas as habilidades e estratégias
ensinadas em DBT são equilibradas em termos de aceitação e mudança.
Os clientes que recebem DBT
normalmente têm múltiplos problemas que requerem tratamento. A DBT usa uma hierarquia
de metas de tratamento para ajudar o terapeuta a determinar a ordem na qual os
problemas devem ser tratados. As metas de tratamento em ordem de prioridade
são:
Comportamentos que ameaçam a vida: Em primeiro lugar, os
comportamentos que podem levar à morte do cliente são direcionados, incluindo
todas as formas de autolesão suicida e nãosuicida, ideação suicida,
comunicações suicidas e outros comportamentos envolvidos com a finalidade de
causar danos corporais prejuízo.
Comportamentos que interferem na terapia: Isso inclui qualquer
comportamento que interfira com o cliente recebendo tratamento efetivo. Esses
comportamentos podem ser da parte do cliente e / ou do terapeuta, como chegar
tarde às sessões, cancelar compromissos e não ser colaborativo no trabalho em
direção aos objetivos do tratamento.
Comportamentos de qualidade de vida: Esta categoria inclui qualquer
outro tipo de comportamento que interfira com clientes com uma qualidade de
vida razoável, tais como distúrbios mentais, problemas de relacionamento e
crises financeiras ou habitacionais.
Aquisição de habilidades: Refere-se à necessidade de os clientes
aprenderem novos comportamentos habilidosos para substituir comportamentos
ineficazes e ajudá-los a alcançar seus objetivos.
A DBT é dividida em quatro estágios
do tratamento. Os estágios são definidos pela gravidade dos comportamentos do
cliente e os terapeutas trabalham com seus clientes para alcançar os objetivos
de cada estágio em seu progresso para ter uma vida que eles vivenciam como
digna de ser vivida.
No estágio 1 o cliente está em
grande sofrimento e seu comportamento está fora de controle: ele pode estar
tentando se matar, provocar prejuízos pessoais, usar drogas e álcool e / ou engajar-se em
outros tipos de comportamentos autodestrutivos. Quando os clientes iniciam o
tratamento com DBT, eles geralmente descrevem sua experiência de sua doença
mental como "estar no inferno". O objetivo do estágio 1 é para que o
cliente passe de um estágio fora de
controle para outro de controle comportamental.
No Estágio 2 eles estão vivendo
uma vida de desespero silencioso: seu comportamento está sob controle, mas eles
continuam a sofrer, muitas vezes devido a algum trauma passado e invalidação.
Sua experiência emocional é inibida. O objetivo do Estágio 2 é ajudar o cliente
a passar de um estado de desespero silencioso para um de plena experiência
emocional. Este é o estágio em que o transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT) seria tratado.
No estágio 3 o desafio é aprender
a viver: definir metas de vida, construir autorrespeito e encontrar paz e
felicidade. O objetivo é que o cliente leve uma vida mais equilibrada, onde se
intercalam momentos comuns de felicidade e infelicidade.
Para algumas pessoas, uma quarta
etapa é necessária: encontrar um significado mais profundo através de uma
existência espiritual. Linehan postulou um Estágio 4 especificamente para
aqueles clientes que não conseguem atingir uma meta adicional de realização
espiritual ou um senso de conexão de um todo maior. Nesta etapa, o objetivo do
tratamento é que o cliente passe de um sentimento de incompletude para uma vida
que envolve uma capacidade contínua de experiências de alegria e liberdade.
Filosofia e Princípios da DBT
A DBT é baseada em três posições
filosóficas. A ciência comportamental sustenta o modelo biossocial do
desenvolvimento da DBP, bem como as estratégias e protocolos de mudança
comportamental. As práticas zens e contemplativas sustentam as habilidades de
atenção plena de DBT e as práticas de aceitação para terapeutas e clientes. DBT
foi a primeira psicoterapia a incorporar mindfulness como um componente
central, e as habilidades Mindfulness em DBT são uma tradução comportamental da
prática zen. A síntese dialética de uma "tecnologia" de aceitação com
uma "tecnologia" de mudança foi o que distinguiu a DBT das
intervenções comportamentais das décadas de 1970 e 1980. A dialética, além
disso, mantém todo o tratamento focado numa síntese de opostos, principalmente
na aceitação e na mudança, mas também no conjunto, bem como nas partes, e
mantém uma ênfase na flexibilidade, no movimento, na velocidade e no fluxo no
tratamento.
O Desenvolvimento da DBT
No final da década de 1970,
Marsha M. Linehan tentou aplicar a terapia cognitivo-comportamental padrão (TCC)
aos problemas de mulheres adultas com histórias de tentativas de suicídio
crônicas, ideação suicida e lesões não suicidas. Formada como behaviorista, ela
estava interessada em tratar esses e outros comportamentos discretos. Por meio
de consultas com colegas, no entanto, ela concluiu que ela estava tratando as
mulheres que preencheram critérios para Transtorno de Personalidade Borderline.
No final dos anos 70, a TCC ganhou destaque como uma psicoterapia eficaz para
uma série de problemas sérios. A Dra. Linehan estava profundamente interessada
em investigar se seria útil ou não para os indivíduos cuja inclinação suicida
era em resposta a problemas extremamente dolorosos. Como ela e sua equipe de
pesquisa aplicada utilizavam TCC padrão, eles encontraram inúmeros problemas
com o seu uso nestes casos.
Em resposta a esses
problemas-chave com a TCC padrão, Linehan e sua equipe de pesquisa fizeram
modificações significativas à TCC padrão. Os terapeutas aprenderam a destacar
para os clientes quando seus pensamentos, sentimentos e comportamentos eram
"perfeitamente normais", ajudando os clientes a descobrir que tinham
um bom senso e que eram capazes de aprender como e quando confiarem em si
mesmos. A nova ênfase na aceitação não ocorreu com a exclusão da ênfase na
mudança: os clientes devem mudar se quiserem construir uma vida digna de ser
vivida. A DBT encontrou uma maneira de equilibrar momentos de aceitação e
mudança, respeitando o ritmo natural dos pacientes com estado emocional muito
desregulado.
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O curso foi realizado em Curitiba pelo Dialectica Psicoterapia Baseada em Evidências. Foi ministrado pelos professores Jan Luiz Leonardi e Dan Josua.
Profissionais que realizaram o curso em Janeiro de 2017 |
Obrigadapor compartilhar seus conhecimentos, clareou mais para o meu entendimento sobre DBT :)
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